Em termos de cinema, as coisas por aqui têm andado francamente paraditas. Ou não se arranja tempo, ou os filmes que se quer ver estreiam apenas longe como o caraças, e nisto tudo só acabei por ir ver dois filmes para aí desde há um mês para cá. E eles foram:
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A Dália Negra não foi, e à falta de uma crítica melhor, nada de especial. Já Os Filhos do Homem achei um filme bastante bom, duro, com um argumento interessante, boas interpretações e uma realização bem catita. Aconselho a irem ver, se é que ainda não foram. De resto, este fim de semana, talvez vá ver O Ilusionista, talvez não vá. AH, como vocês devem invejar a minha vida fascinante e recheada de mistério! Ou então não.
Saltando agora da 7ª arte para a 9ª (já agora, quem é que fez este ranking das artes? Não, a sério, gostava de saber.), falemos de comics. Esta semana comprei e li o bastante badalado "Revelations" da dupla Paul Jenkins e Humberto Ramos.
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São 160 páginas que giram à volta da investigação da morte de um cardeal do Vaticano, o mais indicado sucessor do Papa, morto em circunstâncias um pouco mais que misteriosas. O detective Charlie Northern, da Scotland Yard, é encarregado de tratar do caso, e à medida que este se vai desenrolando, ele vai descobrindo segredos escuros que desafiam a sua falta de fé. É uma leitura interessante, mas a acção propriamente dita demora a começar, mas mesmo no final o ritmo acelera bastante de tal forma que chega a ser algo confuso e nos deixa a querer umas explicaçõezinhas extra. Alguns assuntos são difíceis de relacionar com a história propriamente dita (falam algumas vezes em Fátima e de uma suposta quarta criança com uma profecia mantida em segredo, mas fiquei sem ter a certeza que profecia seria essa), mas não deixa de ser uma boa leitura para quem gostar de teorias da conspiração.
Mas o absoluto destaque vai para:
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Esta já o tenho há umas semanitas, tive de o mandar vir da Amazon porque no nosso país ranhoso insiste em não sair para venda. Desde que li Johhny The Homicidal Maniac que de cada vez que ia à Fnac sentia uma chamazinha de esprança acender em mim quando vasculhava a secção de comics, uma esprança de que esta preciosidade estivesse lá à venda. Mas nunca estava. E então, anos depois, resolvi mexer-me e pronto, screw Fnac que a Amazon serve muito bem. E que bem que fiz: o livro é simplesmente hilariante. Típico humor de Jhonen Vasquez, escuro, distorcido, sádico, perturbador, mas sempre de fazer rir à fartazana. Squee é um pequeno rapazito rejeitado - ou deverei dizer odiado - pelos pais, e cujo único amigo é um ursinho de peluche chamado Shmee (urso esse com um ar, ele próprio, bastante perturbador), isto se não contarmos aquele catraio que na segunda história é comido por um cão chamado Nacho. Na escola, todos fazem troça dele, e nem à noite o pobre tem sossego porque é assolado por pesadelos verdadeiramente horríveis. E depois, ora aparecem extraterrestres para o raptar, ora ele descobre que de repente o filho de Satanás é colega de turma dele, ou as crianças da escola se transformam em zombies - a verdade é que o Squee não tem descanso. Ah, e é vizinho do nosso amigo Nny, o Homicidal Maniac do outro livro. É, no fundo, uma das personagens mais torturadas do mundo dos Comics. E para além da colecção de Squee, que ocupa metade do livro, a outra metada é recheada de tiras intituladas "Meanwhiles" (destaque para um jantar romântico em que a metade masculina é de repente assolada por uma valente diarreia, e para a criação do novo boneco Tickle Me Hellmo), os famosos comics criados pelo Nny do Happy Noodle Boy, o nosso velho conhecido Fillerbunny (um dos personagens mais maltratados e engraçados, um pequeno coelho que é preservado em formol e continuamente ressuscitado através de processos dolorosos, e cujo único objectivo de vida é ocupar espaço - daí o Filler - e alegrar a vida dos leitores) e tiras do Wobbly Headed Boy, uma criatura amaldiçoada pela sua própria sapiência. Enfim, é uma pequena jóia que tenho com todo o orgulho na minha colecção de comics e que não hesito em recomendar!
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Fillerbunny pertence totalmente ao xôr Jhonen Vasquez.