Friday, November 12, 2004

A bus ride and mad scientists...

Mais uma vez, os perigosos velhotes nos autocarros voltam a atacar >=( Eu vou confessar que até não desgosto de andar de autocarro - mais especificamente num autocarro, que é o que me leva da minha casinha até ao centro do Porto todos os dias. A maior parte deles são daqueles duplos, velhos e frios, e às vezes cheiram mal (lol) mas pelo menos vou sentada a viagem toda e as pessoas não são picuinhas nem andam com vontade de arranjar discussão por esta ou por aquela porcaria. Nos autocarros que andam mesmo no Porto, as viagens normalmente são um pesadelo. Os autocarros andam sempre cheios, e quando não é a ameaça dos carteiristas a pessoa não pode ir descansada por causa das peixeiras ou dos velhos que vão para os jardins jogar cartas e que armam barulho por dá cá aquela palha... é uma coisa que me irrita mesmo. Hoje lá entrei eu no 2º autocarro que apanho, para chegar ao Jardim Botânico, e que para variar estava cheio. Pssada uma ou duas paragens, um senhor que estava sentado perto de mim saiu, e eu como não vi ninguém avançar pro lugar aproveitei e sentei-me eu, claro, assim ao menos já não ia a ocupar espaço no corredor, e não é que estivesse a tirar o lugar a alguém porque ele esteve ali à vista de todos e ninguém se sentou. Era um daqueles lugares virados de costas para a porta de frente do autocarro. Ora lá ia eu metida na minha vida, quando na paragem seguinte entrou um senhor de idade - que eu não vi porque ia de costas. Entretanto, a pessoa que ia ao meu lado saiu, o lugar esteve livre por momentos, e depois lá se sentou alguém. Certa altura, começou a haver uma grande fita daquelas, uma pessoa a dar a oferecer lugar ao tal senhor e ele a dizer "mas não, deixe-se estar, não se levante, eu vou a pé, deixe-se estar" e não queria que ninguém lhe desse o lugar. Sendo assim, que fiz eu? Fiquei sentadinha, pois claro. Então uma velhota que ia no outro lado do autocarro, virada para a frente, virou-se para o senhor e disse-lhe para ele se ir sentar ali porque ela sair na próxima, e o senhor aproveitou e sentou-se. E aí, não é que a mulher olha para mim com um ar de desdém e diz "Pois, isto é uma tristeza, quem se devia levantar não se levanta... Que tristeza..." fiquei logo lixada! Estupor da mulher... >=( Estava-se a queixar de quê, fdx? Fazia-lhe assim tanta diferença levantar-se se ia sair na próxima? Então deixasse-se estar, porque assim como assim já outra pessoa tinha oferecido o lugar ao senhor e ele tinha preferido ir a pé... E o lugar ao pé do meu até esteve livre não sei quanto tempo e ninguém se sentou lá! Olha que porra. É uma coisa que me fode a cabeça toda, é quando há lugares livres os velhos vão-se plantar à nossa beira a resmungar que ninguém se levanta e o caraças a quatro, com merdas de lugares livres no resto do autocarro! Porque é que hão-de querer o meu lugar? A vista é melhor?? O assento é mais confotável? Ora foda-se! Sentem-se num lugar dos outros, o meu olha, já cá estou primeiro. E o senhor nem era tão velho quanto isso, bem que não precisava imperiosamente de um lugar, claro que se sentou ao surgir a oportunidade, como qualquer pessoa normal, mas não me parece que estivesse desesperado senão tinha aceitado o lugar que já lhe tinham oferecido antes. A velha é que parece que queria festa... Estava assim tão mal por ter de ir de pé 30 segundos? Porra... e depois pôs-se a resmungar que quando ia de pé e o condutor travava de repente ela quase que caía... Hey, guess what, quando eu vou de pé e o condutor trava de repente, eu também quase que caio e vêm pessoas contra mim e levo porrada a torto e a direito, e tenho 19 anos, e não é por isso que alguém me vai me cede o lugar, xiça, acontece a todos. E o risco de cair no autocarro é muito pequeno, pelo menos para pessoas de mais idade, porque no meio do povo todo há sempre alguém que ajuda, agora a mim lol aposto que me deixavam espetar as fuças no chão e ainda se riam por cima. Estragou-me logo a manhã toda. Será que lá por eu ser jovem tenho de ceder o meu lugar, quando há outros lugares livres?? Porquê??? What the fuck is wrong with people??? Querem-se sentar, sentem-se de uma vez e fechem a matraca, o mundo não revolve à vossa volta! E seria eu a única pessoa jovem no autocarro para ela me deitar aqueles olhares de víbora? E eu até normalmente cedo sempre o meu lugar, quando vejo que o autocarro está cheio e entram velhinhos e grávidas ou pessoas aleijadas, até passo por cima do facto de a maior parte das vezes os estupores que vão nos lugares prioritários fingirem que não é nada com eles e nem mexerem o cú pra se levantarem, e levanto-me eu... E depois há alguns que vêm para mim com estas merdas! Foda-se, há gente que não tem mais que fazer senão lixar o juízo ao próximo... >=(
Hoje de manhã fui, então, a uma palestra sobre Genómica Funcional. Foi dada por um colega meu que estava a terminar o curso quando eu entrei ou assim, e agora está a fazer o doutoramento em Londres. Isto pôs-me a pensar em cientistas loucos e assim. Ele falou imenso das coisas que fazia no laboratório em Londres, e usava assim uns termos assustadores, do estilo "Faço isto todos, todos os dias!", "Isto é complicadissimo, às vezes fica-se a fazer isto até às 3 da manhã", ou "Estes cientistas passavam dias e dias inteiros, sábados, domingos e feriados, de manhã à noite, a olhar para mosquinhas" e não sei, esta forma de pôr as coisas pareceu-me tão... Nem sei o que me pareceu, mas fez-me impressão imaginar a vida dele e a de outros cientistas, dias e dias a fio, todo o dia, enfiados nos seus laboratoriozinhos brancos e assépticos, rodeados de microscópios e essas merdas todas, a olharem para coisas minúsculas, vestidos de bata, todos iguais, com óculos e luvas de laboratórios, tipo um exército maligno de alguma coisa... Fiquei mesmo aterrorizada com a ideia. Eu não quero ser isto!Eu quero ter uma vida própria... Não quero viver para um laboratório, não quero viver para descobrir qual é o gene do não-sei-quê, não quero viver para criar moscas com 4 asas em vez de 2, não quero estar presa naqueles cubículos onde as pessoas são todas maquinizadas, escravas da minúcia... Não admira que haja aqueles estereótipos do cientista louco... Ser cientista é quase como ser maluco, mas com uma bata em vez do casaco de forças e sem direito a paredes almofadadas :P é óbvio que tenho imenso respeito por este lado da ciência, mas sem dúvida é tudo aquilo que eu NÃO quero ser, daí que muitas vezes me pergunte o que raio é que ando a fazer neste curso. Deixo-me levar pelas imagens daqueles biólogos que andam pelo meio das selvas, no fundo do mar, nas savanas, a explorar a vida selvagem, e isso sim, já gostava de fazer, trabalhar num parque natural ou assim... mas cientista de laboratório argh, é como ser rato de laboratório para mim. Ao fim de um mês estava maluca. E infelizmente para mim, esta é a parte da biologia que parece ter futuro, nunca fui a nenhuma palestra sobre o mundo animal em si, sem partir tudo em genes e cromossomas, é só desta porcaria que ouço falar e sinceramente estou pelos cabelos... Acho que só estou no curso para ter um canudo... Chateia-me tanto não ter um rumo :P

1 comment:

Rui Santos said...

Há velhos que são uma autêntica praga!!!!
Canudo e mais canudos, as pessoas só pensam nisso?!
Eu desisti do meu...